domingo, 11 de setembro de 2011

Boletim de Conjuntura

Boletim de Conjuntura do 1º trimestre de 2011


O PIB brasileiro apresentou resultado positivo no 1º trimestre de 2011. A economia avançou cerca de 1,3%, com base nos dados dessazonalisados, em comparação com o 4º trimestre de 2010. Este crescimento foi impulsionado pelo setor Agropecuário, o qual apresentou aumento de 3,3%, e pelo setor Industrial, cujo crescimento foi de 2,2%, na variação trimestral, juntamente com a aceleração da formação bruta de capital fixo (FBKF), que teve alta de 1,2% neste mesmo período, depois de ter apresentado crescimento trimestral de apenas 0,4% no último trimestre de 2010.
Por outro lado, nota-se que as medidas do governo para desacelerar a economia e, com isso, combater a inflação, começaram a surtir efeito. No 1º trimestre de 2011 o consumo das famílias aumentou cerca de 0,6% baseado nos dados acumulados de 12 meses, registrando a menor alta desde o final do ano de 2008, quando o país sentia os efeitos da crise financeira. O movimento de queda do consumo das famílias nesse 1º trimestre foi, em boa parte, gerado pela redução do crédito.


Análise da Variação dos Principais componentes do PIB no 1º trimestre de 2011

O PIB brasileiro no primeiro trimestre de 2011, ao ser comparado com o mesmo trimestre do ano anterior, cresceu cerca de 4,2%. Mesmo sendo considerado um resultado positivo, a taxa de crescimento do PIB vem decaindo desde o segundo trimestre de 2010.
A taxa de crescimento do PIB foi motivada pela Indústria que decresceu se comparado ao mesmo trimestre do ano de 2010 (3,4%, menor índice desde o primeiro trimestre de 2010). Outro componente para a redução do ritmo de crescimento foi o aumento das importações, que cresceram em 13,2%, ao passo em que as exportações se ampliaram em apenas 4%. Esse crescimento desigual pode ser atribuído, principalmente, à condição de supervalorização da taxa de câmbio.

Gráfico1






Fonte: elaboração própria; Dados: IPEADATA

Gráfico 2
Fonte: elaboração própria; Dados: IPEADATA

Análise do PIB: Ótica da Oferta

O crescimento do PIB no 1º trimestre, comparado ao mesmo período do ano passado pelos dados dessazonalisados, deveu-se ao incremento do valor adicionado dos três setores da economia brasileira. A começar pelo setor Agropecuário, que apresentou aumento de 2,7%, o qual pode ser explicado pelo aumento da produtividade e o aumento das safras das commodities.
O setor Industrial acelerou, apresentando 3,3% no 1º trimestre baseado em dados acumulados de 12 meses.As maiores expansões ocorreram na Construção Civil (5,1%) e em Eletricidade e Gás, Água e Esgoto e Limpeza urbana (4,9%). Além disso, a Indústria de Transformação cresceu 2,4%, sob influência do aumento da produção de máquinas e equipamentos; refino de petróleo e álcool; minerais não metálicos; e indústria de automóveis. Entretanto, a Extrativa Mineral apresentou a maior queda desse setor, desacelerando a expansão de 14,8% para 4,1%, comparado ao mesmo período no ano passado ,o que está relacionado à redução da demanda mundial de ferro, manganês, bauxita e cobre.

Gráfico 3

Fonte: elaboração própria; Dados: IPEADATA

Gráfico 4

Fonte: elaboração própria; Dados: IPEADATA


Gráfico 5





Fonte: elaboração própria; Dados: IPEADATA

Nota-se que, apesar de um resultado relativamente bom, a Indústria passa por um processo de diminuição da produção, apresentando quedas significativas desde o primeiro trimestre de 2010 (15,1%) e nos períodos seguintes (13,8%; 8,4%; 4,3%), apresentando, neste trimestre, 3,4%.

Análise do PIB: Ótica da Demanda

Pelo lado da demanda interna, analisando dados dessazonalisados, o destaque se dá para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBKF), que cresceu 8,9% em comparação ao mesmo período do ano passado, impulsionada pela expansão da importação e da produção interna de máquinas e equipamentos.
Já o Consumo das Famílias apresentou desaceleração, pois analisando os dados trimestrais, a variação do 4º trimestre de 2010 foi de 2,35%, passando para 0,64% no 1º trimestre de 2011.
Através desta desaceleração do Consumo, notam-se o início das medidas de contenção de crédito criadas pelo governo a fim de combater a inflação. Todavia, os Gastos do Governo apresentaram aumento de 2,2% em relação ao primeiro trimestre de 2010.
Ao analisar a demanda externa, tanto as exportações quanto as importações apresentaram aumento (4,% e 13,2%, respectivamente) comparando com o mesmo período do ano passado. A taxa de crescimento das importações apresentou-se mais elevada que a das exportações devido à taxa de câmbio valorizada, fazendo com que aumente ainda mais a entrada de bens estrangeiros no país.

Gráfico 6

Fonte: elaboração própria; Dados: IPEADATA

Gráfico 7



Fonte: elaboração própria; Dados: IPEADATA


Análise da Composição do PIB

Composição do PIB: Ótica da Oferta

Com base nos dados referentes à composição do PIB no 1º trimestre de 2011, podemos observar que a Indústria superou o resultado do mesmo semestre de 2010 (26,21% do PIB em 2011 contra 25,51% em 2010) e mesmo o de 2008(26,10%). Durante este mesmo período, a Agropecuária respondeu por 5,74% do PIB (contra 5,86% e 6,64% em 2010 e 2008, respectivamente) ao passo em que os Serviços foram responsáveis por 68,05% do mesmo (contra os 68,63% e 67,27 e 2010 e 2008).

Gráfico 8



Fonte: elaboração própria; Dados: IPEADATA

Composição do PIB: Ótica da Demanda

Voltando-nos para os componentes de Demanda do PIB, veremos que apesar do fraco crescimento apresentado pelo Consumo das Famílias durante o 1º trimestre de 2011, este não perdeu espaço na determinação se comparado ao mesmo período de 2008 e 2010. Na verdade, não apenas a participação do Consumo das Famílias no PIB cresceu do último trimestre de 2010 para o 1º de 2011 (de 59,15% para 63,37% do PIB), como também superou os valores do mesmo período de 2008 (60,77%) e 2010 (63,17%). Isto representa uma recuperação da tendência apresentada durante o ano de 2010, no qual a sua participação havia sido decrescente.
Os Gastos do Governo, reduziram sua participação durante o 1º trimestre do ano, representando 19,04% no 1º trimestre de 2011. Devemos, contudo, ressaltar que tal redução em termos relativos do PIB é a maior para esta época do ano desde 2006 (18,74%). Já os Investimentos, que responderam por 18,71% do PIB, voltaram a ampliar a sua participação em relação ao mesmo período do ano anterior, mas sem alcançar o valor relativo de 2008 (20,67%).
Por fim, a Balança Comercial voltou a ampliar o seu resultado negativo frente ao PIB e representou um saldo negativo de 1,22%.


Gráfico 9

Fonte: elaboração própria; Dados: IPEADATA

Conclusões

Com a economia brasileira registrando um crescimento do PIB de 1,3%, em comparação com o 4º trimestre de 2010, gerando cerca de R$ 939,6 bilhões e, no acumulado de 12 meses, o PIB aumentou em cerca de 6,2%.
Outro ponto para esse trimestre foi a taxa de crescimento do Consumo das Famílias ser inferior à FBKF. Esse enfraquecimento foi causado pelas medidas de restrição ao credito adotados pelo Banco Central a fim de diminuir as taxas de inflação.
O Consumo das famílias variou, em relação ao trimestre anterior, 0,6% (variação esta, inferior à apresentada no trimestre anterior quando havia sido de 2,3 %). Essas medidas de restrição adotadas afetam aos setores que dependem do crédito e, além disso, aumentou as exigências para a concessão de crédito para a pessoa física.
Ao analisar a ótica da demanda, a taxa acumulada dos 12 meses, com o ajuste sazonal, da FBKF apresentou uma desaceleração, passando de 28,7% do 1º trimestre do ano de 2010 para 8,7% no 1º trimestre de 2011. Já o Consumo das Famílias apresentou um resultado estável quanto à taxa acumulada durante o ano, mantendo-se entre 6% a 8%.
Conclui-se que houve um pequeno crescimento por parte do Consumo das Famílias na participação do PIB total passando de 59,15% em 2010 para 63,37% em 2011 na composição do PIB. Já a despesa com o Consumo da Administração pública reduziu-se relativamente à composição do PIB (24,5% no 4º trimestre de 2010 para 19,04% no 1º semestre de 2011).

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Resenha: A liberdade homossexual/homoafetiva


Daniel Soriano e Tamlyn Mores

O movimento homossexual vem ganhando relevância no contexto nacional. Podemos constatar isso com a maior evidência desse assunto na mídia e até no aumento do número de políticos que defendem a causa homossexual. Fica explícito que há uma maior aceitação na sociedade, porém ainda falta um maior esclarecimento das causas e maior entendimento dessas características de personalidade por parte da população.

Há divergências se a homoafetividade é determinada geneticamente ou se é fruto do ambiente em que a pessoa é criada. Foi realizada uma pesquisa pelo geneticista Dean Hamer (Instituto Nacional de Saúde dos EUA), que concluiu que pais homossexuais (assumidos ou não) podem transmitir características homoafetivas aos filhos. Pode-se argumentar que a criação é o principal determinante para a escolha sexual. É dito que a falta de um dos pais e a vivência fora da família podem ser algumas dessas razões. Há ainda alguns defensores que afirmam que o capitalismo, a industrialização e a urbanização contribuíram para o aparecimento de diferentes estilos como por exemplo, góticos, hippies e inclusive homossexuais. Porém, no momento, os estudiosos concordam que não é apenas um fator que determina a opção sexual.

Independentemente, o homossexual é um cidadão. Ao passo que seus deveres são igualmente exigidos, alguns de seus direitos são restringidos pela sociedade. Como no caso da união civil e da adoção de crianças.

Recentemente o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável para casais do mesmo sexo. No entanto, apesar da decisão favorável, a corte não se manifestou sobre a possível extensão dos direitos, como casamento, adoção e inseminação in vitro.

Apesar dessa decisão já ser um passo para uma futura conquista de outros direitos inerentes, por que não seguir exemplos de outros paises, como os Estados Unidos, e já reconhecer a união cível? Isto representaria uma igualdade de direitos. Contudo há ainda aqueles de opinião contrária, os quais acreditam que esta atitude seria um desrespeito à formação familiar tradicional e aos “bons costumes”.

Outro ponto de constante discussão é a adoção. O principal ponto discutido por aqueles que julgam ser indevida a adoção por casais homossexuais é a ausência de uma família convencional, que pode ocasionar em problemas psicológicos para a criança e até influenciá-la na escolha sexual. Mas seria justo em um país com tantos órfãos, os casais homossexuais não terem o direito de adotar essas crianças e oferecerem uma vida melhor para as mesmas? Fica evidente que o embate não atinge diretamente o casal homossexual, mas também muitas crianças que ainda ficam sem uma família, e moram a vida toda num orfanato ou até mesmo na rua.

Vale ressaltar que o Brasil ainda permanece um país de grande tradição Católica e muitos dos nossos conceitos são influenciados pela Igreja. É importante esclarecer que os dois pontos de vista possuem argumentos consistentes, e talvez por isso esse seja um problema de difícil resolução. Há alguns séculos, nascer canhoto era considerado bruxaria, sendo a pessoa julgada pela sociedade. Talvez com o passar do tempo a homoafetividade não seja vista com tanta estranheza e sim seja mais uma especificidade individual.


Bibliografia:
http://www.conjur.com.br/2011-mai-05/supremo-tribunal-federal-reconhece-uniao-estavel-homoafetiva
http://www.mbdias.com.br/hartigos.aspx?77,14
A polêmica sobre as causas do homossexualismo: Lima, Raimundo de;Revista espaço Acadêmico; 13 de setembro de 2009

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Resenha: Bolha imobiliária brasileira: Factível ou não?



Rômullo Carvalho da Silva e Victor Mamede


Uma rápida olhada nos prédios em construção no Rio de Janeiro ou em São Paulo já se nota que a atividade encontra-se em pleno vapor. Só que nem tudo são flores, e o preço a ser pago é, literalmente, alto. Com os imóveis sofrendo altas astronômicas, aliado à crescente migração de investidores para o setor imobiliário nos últimos anos, economistas e especialistas se dividem ao falar da existência ou não de bolha nesse setor.

Se por um lado o governo começa a fechar a torneira do crédito, por outro o vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, não acredita na hipótese de bolha: "No Brasil, o volume de crédito imobiliário ainda é inexpressivo se comparado ao PIB e, portanto, acredita-se que o atual ciclo virtuoso deve se manter ao longo dos próximos anos". A discussão já deixa um sinal amarelo na economia brasileira, uma vez que o setor imobiliário foi o protagonista da crise norte-americana de 2008. Então, existe ou não? Quais são os argumentos dos que acreditam e dos que repudiam a idéia de bolha?

O conceito

A origem de qualquer bolha remete a um período em que a economia está aquecida e há ampliação na oferta monetária. Quando há essa expansão, grande parte do dinheiro vai para aqueles setores que mais prometem retornos. No Brasil, a bolsa de valores e o setor imobiliário receberam uma quantidade maciça de dinheiro. Para exemplificar, basta olhar o grande aumento do índice Ibovespa nos últimos 8 anos.

Como o mercado financeiro é constantemente observado, ninguém se surpreende com suas variações típicas. No mercado imobiliário, somente quando os preços atingiram níveis estratosféricos, despertou a atenção nacional. Com a economia aquecida, dentre os setores industriais, foi a construção civil que apresentou a maior expansão no emprego. O que preocupa é o aumento de especulação no setor. Ou seja, comprar imóveis para revendê-los com um bom acréscimo no preço e lucrar com a diferença. Para analistas, isso ocorre em alguns lugares restritos de São Paulo e Rio de Janeiro. "Na verdade, são microrregiões afetadas pela ação predatória de especuladores". Na capital paulista, dos cerca de 30 mil novos imóveis vendidos por ano, existem de quinhentas a mil unidades compradas por especuladores.

O governo Lula enxergou no projeto "Minha Casa, Minha Vida" a realização do principal sonho de muitos brasileiros: a casa própria. Para isso, derramou crédito para a população das classes intermediárias, principalmente, financiado pelas cadernetas de poupança e pelo FGTS. Sem dúvida o projeto foi o principal motor do crescimento do ramo. Entretanto, um desenvolvimento sustentável parece ficar distante. Já no primeiro trimestre deste ano, o setor começou a dar indícios de desaquecimento, pressionado por preços altos, pela desaceleração da demanda e pela paralisação da segunda fase do projeto habitacional do governo.

Para consultores, as ações de construtoras na Bolsa vêm caindo consideravelmente. "Não é hora de comprar imóvel nem ação das empresas. O momento é muito delicado", diz o analista. "Os preços, tanto de imóveis quanto de ações, perderam o contato com a realidade. Talvez não seja um bom investimento hoje. A tendência é de estabilização ou mesmo de queda".


O exemplo da crise de 2008


O exemplo americano recente demonstra como um afrouxamento na regulação, culminando com empréstimos em larga escala, ajudou na escalada da bolha. Em um esforço para evitar conseqüências ainda piores, o FED cortou a taxa básica de juros para apenas 1% (em 2003). Essa acentuada queda nos juros particularmente encorajou os americanos a pegarem empréstimos visando financiar a compra de imóveis. Razão: o declínio no valor mensal das hipotecas. Definitivamente, era um bom negócio. Enquanto esses investimentos eram jogados no mercado imobiliário, os preços das casas subiam e a maioria das pessoas parecia estar prosperando. Foi nesse período de juros baixíssimos que a bolha mais se expandiu.

Entretanto, já no início de 2004, o banco central americano, por medo da inflação, começou a aumentar gradualmente a taxa básica de juros, o que estancou a expansão do crédito. Com isso, a demanda por imóveis inevitavelmente teve de cair. Essa queda na demanda e nos preços dos imóveis mostrou uma massa de divida hipotecária literalmente impagável. Revelou uma enorme quantidade de capital desperdiçado, o que triturou a economia norte-americana. Uma enorme depressão só foi evitada ao custo de mais de um trilhão de dólares pelo Fed, algo que inevitavelmente cobrará seu preço no futuro.

Apesar de algumas semelhanças, ao relacionar a bolha da crise americana com a situação brasileira, deve-se ter cuidado. Primeiro um ponto fundamental: a nossa economia não gira em torno apenas do setor imobiliário. Para se ter uma idéia, no mundo, o financiamento imobiliário por parte de grandes bancos, corresponde a taxas bem mais altas do que as vistas por aqui (cerca de 3% do PIB). Deve-se destacar também o nível de intervenção do governo americano tanto no setor bancário como no imobiliário. Mais além, não há sinal de maior liberalização financeira e taxas de juros excessivamente baixas nesse momento (mesmo com a queda da SELIC entre 2003 e 2010). Portanto, tendo um crescimento contínuo na economia, com expansão do PIB entre 4,5% e 5% até 2015, e pelos fatos citados acima, o estouro da "bolha" não seria tão danoso como o que ocorreu em 2008.

Outro ponto fundamental é que, diferentemente dos EUA, no Brasil a maioria dos que compram imóveis é para moradia e não investimento/especulação. A 'fila da casa própria' é gigantesca e só começou a "andar", de fato, na era Lula, após décadas de atraso.

No âmbito internacional, a discussão também esquentou. Um artigo no 'Financial Times' avalia que a economia brasileira caminha rumo a uma bolha, caso o governo não faça reformas estruturais. "Inevitavelmente, essa combinação de moeda forte, euforia dos investidores estrangeiros, aumento do consumo e gargalos que sufocam a capacidade de responder à crescente demanda torna tudo mais caro. Enquanto o Brasil permanece uma nação muito pobre, é atualmente uma das mais caras do mundo", afirma o autor, Moisés Naim. Para ele, a Presidente Dilma precisa tomar medidas para desaquecer a economia, mesmo que isso envolva decisões impopulares. Caso ela não aja hoje, os mercados financeiros farão esses ajustes no momento apropriado, "de uma maneira bem mais brutal".

Por outro lado, durante uma apresentação na ABECIP (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), o economista José Roberto Mendonça de Barros enumerou os fatos que corroboram a hipótese de bolha imobiliária no Brasil. Para ele, o aumento nos preços se deu pelo aquecimento da demanda, empurrada pelo crescimento da renda dos brasileiros. A forte regulação do sistema financeiro do país também seria uma razão para confiar na solidez do cenário econômico. Vale ressaltar que a oferta de imóveis naturalmente demora a alcançar a demanda, uma vez que se trata de bens que levam tempo para serem construídos. Num momento em que a demanda brasileira por imóveis é maior que a oferta, é de se esperar que os preços realmente sejam pressionados.

Concluindo, em geral, há uma espécie de consenso entre os especialistas do mercado de que fatores demográficos e econômicos indicam que estamos fora de uma bolha. O déficit habitacional de seis milhões de unidades, com 95% concentrado nas camadas media e baixas somadas a melhora da renda alimentarão a demanda pro muitos anos. Como foi dito, a especulação imobiliária no Brasil ocorre em regiões isoladas das grandes capitais. Contudo, deve-se atentar para um eventual aumento desse mercado especulativo.

Se cada vez mais, as pessoas acharem que investir em imóveis é um bom negócio, os preços tenderão a aumentar desenfreadamente. E é claro que nenhum setor da economia cresce para sempre. Uma hora os preços chegam ao teto. Olhar com atenção para o mercado imobiliário tem de ser uma obrigação, afinal este foi protagonista de um exemplo recente nada agradável.