quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O PET

Criado e implantado em 1979 pela CAPES, o PET – Programa Especial de Treinamento – era um Programa acadêmico direcionado a alunos regularmente matriculados em cursos de graduação. Até o ano de 1999, o Programa foi coordenado pela CAPES. A partir de 31 de dezembro de 1999, o PET teve sua gestão transferida para a Secretaria de Educação Superior - SESu/MEC, ficando sob a responsabilidade do Departamento de Projetos Especiais de Modernização e Qualificação do Ensino Superior - DEPEM.

"O PET REPRESENTA, EM MENOR PROPORÇÃO, A UNIVERSIDADE QUE QUEREMOS PARA O FUTURO"

Atualmente, o Programa de Educação Tutorial (PET) constitui-se em um dos poucos programas sustentados pelo Ministério da Educação (MEC) que busca manter e promover a qualidade acadêmica no ensino superior brasileiro. Um dos poucos porque muitos mesmo são os problemas enfrentados pela universidade hoje, entre os quais se pode destacar a falta de verbas públicas para a prática de uma educação de excelência e a conseqüente debilidade que esta escassez acarreta para as Universidades: a perda de autonomia na construção do conhecimento, uma vez que, a escassez de recursos destinados à prática educacional nas faculdades como um todo, colocam-nas diante da necessidade de se voltarem à iniciativa privada para a captação dos recursos necessários, atrelando o saber nelas construído e ensinado às voláteis demandas do mercado.

Os grupos PET’s foram criados com o intuito de apoiar a ligação entre os diferentes ramos de atividade: ensino, pesquisa e extensão. Além disto, seus integrantes recebem um apoio financeiro do MEC para a realização de suas atividades, o que de forma alguma torna este grupo um grupo elitista dentro da universidade, tendo em vista que o programa não visa melhorar a formação apenas de seus integrantes, mas sim de toda a graduação e da comunidade como um todo. Todo os trabalhos desenvolvidos pelo grupo são expostos aos demais, através da atividade de extensão, o que proporciona uma maior compreensão do que ocorre com o mundo e com o próprio cidadão.

Desta forma, o PET funciona seguindo uma lógica contrária a esta perversa forma de privatização do conhecimento, pois, os bolsistas que se integram ao programa são inseridos em um grupo organizado segundo um sistema de tutoria liderado por um professor-tutor, responsável por orientá-los na formulação de atividades de ensino, pesquisa e extensão segundo um norte acadêmico vinculado aos principais problemas do país, numa perspectiva crítica e também interdisciplinar.

O grupo é formado por um Tutor (professor do departamento) e 12 bolsistas (alunos do curso de graduação onde o grupo está alocado), todos com uma carga horária semanal de 20 horas, admitindo-se a participação de não-bolsistas, os quais nem por isso devem deixar de cumprir as mesmas atribuições dos bolsistas, ou então de estudantes que queiram tornar-se colaboradores do grupo caso tenham interesse em participar de atividades específicas organizadas pelo grupo PET, como uma pesquisa sobre determinado tema.

Partindo do pressuposto de que o saber não pode ser algo que se esgota naquele que procura conhecer, mas que somente pode realizar-se se estiver aberto ao mundo para de fato conhecê-lo em sua totalidade, a metodologia de trabalho do grupo PET costuma unir em sua prática acadêmica as esferas do ensino, da pesquisa e da extensão. No âmbito da pesquisa, cada integrante dispõe da liberdade de escolher o tema que irá abordar, assim como o de se dirigir ao orientador com o qual possuir maior afinidade. No âmbito do ensino o grupo promove eventos que tem como público alvo os alunos da graduação, não só os de seu curso como também os dos demais cursos da universidade, tais como palestras, mini-cursos, seminários e outros. No âmbito da extensão o grupo procura integrar a o conhecimento construído na faculdade, com setores importantes da sociedade e da universidade, como movimentos sociais e trabalhadores da universidade.

O impacto imediato do PET, na faculdade que o abriga, é o aumento da qualidade de seu curso de graduação, pois, para muito além das atividades de sala de aula que se passam diariamente na faculdade, esta passa a ser palco para uma série de atividades extracurriculares organizadas pelos bolsistas petianos. Assim, através da organização de palestras sobre os mais diversos temas, ou de mini-cursos e seminários especializados aos temas do curso de graduação em que estão, os petianos deixam de ser apenas os sujeitos de suas próprias atividades de pesquisa feitas no grupo, tornando-se arquitetos de um ambiente acadêmico muito mais rico, no qual vão ganhando vida atividades diversas que devem ser de interesse para a formação de todos os alunos da faculdade.

No Estado do Rio de Janeiro existem 18 grupos, estando 04 deles na UFRJ, 05 na PUC, 03 na UERJ e 02 na UFRRJ. Ao todo, atualmente, existem 370 grupos que se espalham desigualmente pelas regiões do Brasil, com nítida predominância para as áreas do saber que estão mais estreitamente vinculadas aos interesses da administração, da engenharia e da produção nacionais, o que seria de se esperar no Brasil, país capitalista que depois de cinco séculos ainda luta contra o subdesenvolvimento sócio-econômico.

Com o intuito de melhor desenvolver a educação tutorial no país, são realizados encontros regionais e nacionais envolvendo os grupos de todo o país, nos quais os diferentes grupos trocam experiências buscando maneiras mais eficientes de atuar junto à sociedade e contribuir no desenvolvimento da mesma. Ocorrem encontros periódicos dentro da própria instituição de ensino superior (Intra-PET), um encontro Estadual por semestre (Inter-PET), um encontro regional por ano (Sudeste-PET) que este ano foi realizado na UFU, em Uberlândia, e por fim, um encontro Nacional também anual (ENAPET), que este ano foi realizado em Manaus junto com a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).

Os estudantes selecionados que se tornam bolsistas deste programa, quando passam a participar ativamente da organização das atividades acadêmicas do PET em sua faculdade, acabam tornando-se petianos, quer dizer, se identificam de tal forma com a filosofia que orienta o programa que passam defendê-lo como parte de um novo modelo de universidade, onde todos os estudantes possam ter a oportunidade de viver a vida universitária como uma época rica de aprendizados em todos os sentidos humanos.
Thales Viana F. dos Santos
(Ex-petiano do PET/Economia-UFF)

Postado por: Viviane

Um comentário:

  1. O PET é! texto ficou muito bom e passa bastante de historia e do significado do PET.

    Rodolfo Nicolay
    Petiano Economia UFF

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